Depois de explorarmos os manifestos e o espírito nacional, neste boletim amarramos as pontas e embarcamos numa visita ao conceito de Revolução.

Revolução vem de revolver, verbo transitivo direto que significa virar pra trás, para os lados, revirar-se, retorcer-se. Em astronomia, pode ser o movimento de um astro que retorna a um eixo da sua própria órbita. Em política, um movimento de revolta contra um poder estabelecido.

Depois de explorarmos os manifestos e o espírito nacional, neste boletim amarramos as pontas e embarcamos numa visita ao conceito de Revolução. Para esclarecer esse difícil debate, convidamos e entrevistamos especialistas nesse conceito tão espinhoso que é a Revolução. E se dizemos espinhoso, é menos por estética e mais porque existe uma grande polêmica e disputa pairando sobre o termo hoje. Há reinvidações da palavra Revolução em todos os lados que observamos; formas inéditas de se utilizar o conceito, eufemismos... Isso chega a ser cômico, mas ocorre atualmente uma Revolução acerca da palavra “Revolução”. Há, inclusive, quem chame golpe de Estado de revolução, por exemplo.

Acreditamos que trazer a tona esse tema é, ainda, uma forma de dar voz àqueles que são silenciados ou esquecidos propositalmente nas narrativas históricas. Debatemos nestas páginas o processo pelo qual um evento é submetido até ser compreendido como o surgimento de um novo estado revolucionário, além de questionarmos o teor das revoltas populares e indagarmos se é possível falar realmente em alguma revolução no Brasil. Com isso em mente, nessa edição do Boletim 3X22, trazemos três entrevistas que ajudam a perceber e entender as diferentes narrativas do termo Revolução. O prof. Ângelo Segrillo entregou um panorama sobre a importante Revolução Russa. Já os prof. Marcos Napolitano e Maurício Cardoso comentam acerca da ditadura militar, um sobre a ótica da memória construída em torno do período, o outro acerca da importância da produção audiovisual tanto na ditadura quanto em processos revolucionários em outros países. Aliado a isso, o historiador Danilo Nakamura escreve um texto sobre as polêmicas “Revoluções Brasileiras”. Temos ainda, nesse conglomerado, textos sobre o silenciamento da Revolução Haitiana, sobre uma suposta Revolução Simbólica que ocorre no Brasil atual e um ensaio sobre a Revolução Caraíba. Existem muitas narrativas sobre Revolução, como foi possível notar nesse preâmbulo. Acaso está acontecendo mais alguma nos dias de hoje?

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