Aniversariante de abril

Publicado em 02/04/2025

Por Elena Souza

Narcisa Amália (1852-1924)

Há exatos 173 anos, no dia 3 de abril, nasceu em São João da Barra, no Rio de Janeiro, Narcisa Amália de Campos, primeira jornalista profissional do Brasil. Autora de um dos títulos que integram a lista de leituras da Fuvest, Narcisa tornou-se um grande nome na literatura e jornalismo brasileiro por seu talento com a escrita e dedicação a pautas sociais.

Desde a infância, a autora teve acesso aos estudos, pois seus pais atuavam na área de literatura e educação, dessa forma, teve uma formação intelectual que não era comum às meninas da mesma época. Mudou-se ainda na adolescência para Resende, no Rio de Janeiro, onde iniciou sua carreira literária e jornalística.

Em 1872, publicou o livro Nebulosas, uma coletânea de poemas sensíveis que tratam de aspectos íntimos ao mesmo tempo em que se abordam temas da natureza e da sociedade. No jornalismo, a carioca atuou como redatora, tradutora e revisora em folhetins e jornais, como A Imprensa e A República, além de ter dirigido o periódico A Gazetinha: folha dedicada ao belo sexo.

Nos poemas e artigos publicados fica evidente a atenção dada a questões sociais por Narcisa, que revelava com sua escrita seu posicionamento abolicionista, republicano e feminista. É interessante mencionar que a autora carioca sofreu com as pressões sociais de sua época: Narcisa se casou e se separou por duas vezes, o que a tornou alvo de perseguições, inclusive de um de seus ex-maridos, que tentou difamá-la e a descredibilizar como autora.

Apesar do preconceito, Narcisa Amália tornou-se muito respeitada no meio jornalístico e literário. A publicação de Nebulosas lhe rendeu a visita de Dom Pedro II que, após ler a coletânea de poemas, desejou conhecer a autora pessoalmente. Ganhou, também, notoriedade entre os colegas escritores: na imprensa, Machado de Assis elogiou Narcisa publicamente.

A Biblioteca abriga dois exemplares de Nebulosas que podem ser consultados na BBM digital. Trata-se de duas edições de 1872: uma delas possui dedicatória de Narcisa Amália e a outra contém o poema Vesper manuscrito pela autora.