Publicado em 09/10/2024
Por Elena Souza
No dia 16 de outubro, das 14h às 18h, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) promoverá a segunda edição do evento Novas comunidades, novas coleções, no Auditório István Jancsó, com a participação de profissionais e pesquisadores de seis instituições de preservação de memória.
O encontro dará continuidade às pautas colocadas em foco na edição anterior, que ocorreu em maio deste ano. O objetivo é refletir sobre como diferentes instituições de preservação da memória lidam com os novos interesses, assuntos e atores que levam a repensar e redefinir as categorias nacionais, regionais, coletivas e pessoais que tradicionalmente orientaram a formação de coleções e arquivos.
Os participantes desta edição serão:
▫ Ana Flávia Magalhães Pinto, do Arquivo Nacional, um órgão central do Sistema de Gestão de Documentos e Arquivos (Siga) da administração pública federal;
▫ Fernando Filho, Renata Eleutério e Adriano Sousa, do Centro de Pesquisa e Documentação Histórica (CPDOC) Guaianás, que é organizado por um coletivo de pesquisadores periféricos que envolve profissionais como cientistas sociais, historiadores, fotógrafos e museólogos;
▫ José Carlos Ferreira, da Zumvi Arquivo de Fotografia, uma instituição composta por um coletivo de fotógrafos comprometidos a criar e preservar memórias imagéticas do povo negro;
▫ Marcos Tolentino, do Acervo Bajubá, um projeto comunitário de registro de memórias das comunidades LGBT+ brasileiras, que reúne uma coleção de itens que registram a diversidade sexual e a pluralidade de expressões e identidades de gênero no Brasil;
▫ Paula Salles, da Casa do Povo, centro cultural que reúne grupos, movimentos e coletivos, além de um acervo diverso que permite a compressão da historicidade e da identidade social do Bom Retiro e consequentemente de São Paulo;
▫ Thamires Ribeiro de Oliveira, do Museu da Maré, que promove um conjunto de ações voltadas para o registro, preservação e divulgação da história das comunidades da Maré (Rio de Janeiro) em seus diversos aspectos, sejam eles culturais, sociais ou econômicos.
A mediação será de Pedro Meira Monteiro, que é professor da Universidade de Princeton e pesquisador residente na BBM. Ele também organizou a atividade, juntamente com o vice-diretor da BBM, Hélio de Seixas Guimarães, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Segundo os organizadores do colóquio, “A interlocução com os arquivos e bibliotecas comunitárias é importantíssimo porque traz vitalidade para a reflexão que vem sendo realizada na BBM nos últimos anos sobre os sentidos de uma coleção Brasiliana, hoje. Neste momento de revisão do cânone tradicional e das práticas de arquivamento da memória, essa é uma discussão vital para a BBM e outras instituições voltadas para a preservação da memória cultural do Brasil ou, talvez seja mais apropriado dizer, dos Brasis.”, diz Guimarães
Monteiro lembra que a primeira edição do evento “sobre arquivos e novas formas de pensar a memória a partir de experiências periféricas e contra-hegemônicas, nos levou a este segundo encontro. Nele, o protagonismo será das pessoas que constroem coletivamente arquivos que, no fim das contas, refletem e dão sentido a uma sociedade que vê o saber dos livros sendo substituído por outras formas de conhecimento. Essas novas formas de conhecer colocam em tensão a história oficial da cultura brasileira. Esses arquivos, em suma, nos ensinam a falar no plural: literaturas, culturas, identidades e muitos Brasis. É um bom exercício, tanto gramatical quanto político.”
A primeira edição
No palco da discussão, estavam Ana Flávia Magalhães Pinto, diretora do Arquivo Nacional; o bibliotecário Fernando Acosta-Rodríguez, da Latin American Studies, Latino Studies, and Iberian Peninsular Studies da Biblioteca Firestone, da Universidade de Princeton; João Marcos Cardoso, curador da BBM; Mário Augusto Medeiros da Silva, diretor do Arquivo Edgard Leuenroth da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e Paul Losch, diretor de Campo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos no Rio de Janeiro.
O encontro colocou em pauta o novo cenário de bibliotecas e arquivos comunitários e questiona sobre como as instituições, consagradas ou não, podem e devem responder à mudança do perfil de pesquisadores, assim como posicionar-se diante das novas temáticas emergentes.
Dessa forma, o evento busca promover o diálogo necessário e urgente entre as novas coleções e seus agentes, os espaços de memória institucionalizados e a comunidade acadêmica.
Serviço
”Novas comunidades, novas coleções” (2ª edição)
Quando: 16/10, das 14h às 18h
Onde: Sala Villa-Lobos da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, Rua da Biblioteca, 21– Cidade Universitária, São Paulo
Quanto: evento gratuito, aberto ao público em geral e sem necessidade de inscrição